Apenas 1 a 3% dos adenocarcinomas gástricos se apresentam como cancro gástrico difuso hereditário. Estes apresentam-se em média 3 décadas mais cedo que os cancros gástricos na população em geral (idade média de diagnóstico- 38 anos), apresentam uma histologia particular (tipo ‘linitis plastica’) e mau prognóstico (10% de taxa de sobrevivência aos 5 anos).
A hereditariedade do cancro gástrico difuso hereditário é autossómica dominante (risco para a descendência de portador de herdar a mutação de 50%).
Em menos de 50% das famílias com cancro gástrico difuso hereditário são identificadas mutações no gene da E-Caderina (CDH1), no gene 16q22.1, uma molécula de adesão célula-célula cálcio-dependente, expressa nas células epiteliais.
A penetrância para cancro gástrico difuso nos portadores de mutação no gene CDH1 é de 60%-80%. As mulheres portadoras de mutação no gene CDH1 tem também um risco de cerca de 40% de cancro da mama, tipo lobular.
O diagnóstico clínico é estabelecido em famílias com:
- 2 casos comprovados de cancro gástrico difuso em familiares de 1º ou 2º grau, sendo que pelo menos 1 teve idade de aparecimento abaixo dos 50 anos.
- 3 ou mais casos comprovados de cancro gástrico difuso em familiares de 1º ou 2º grau, independentemente da idade de aparecimento.
A vigilância para o cancro gástrico difuso hereditário (incluindo a endoscopia digestiva alta com biópsia) é insatisfatória pelo que está indicada a realização de gastrectomia profilática nos portadores de mutação no gene CDH1. Entre as complicações pós-gastrectomia contam-se: perda de peso, síndrome de má-absorção, intolerância à lactose e síndrome “dumping”.
Marta Zegre Amorim